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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A Universidade de Pernambuco (UPE) liberou nesta sexta-feira, 31 de janeiro, os nomes dos aprovados no Vestibular 2014

FERAGNES!

Fera Medicina UPE 2014.1!!!

Parabéns, Rafael!


                                         Tirei daqui


Fera Odontologia UPE 2014.


Parabéns, Mari!






A Universidade de Pernambuco (UPE) liberou nesta sexta-feira, 31 de janeiro, os nomes dos aprovados no Vestibular 2014 e na terceira etapa do Sistema Seriado de Avaliação (SSA), triênio 2011-2013. 

Impresso ou imprimido?

O verbo imprimir  tem dois particípios, um regular (imprimido) e um irregular (impresso).. A dúvida é quando se deve usar um ou o outro. 

Imprimido se usa com os verbos ter e haver . ( já tinha imprimido, já havia imprimido). 
Impresso se usa com os verbos ser e estar. ( foi impresso, já está impresso).


Observe a tabela com outros verbos com duplo particípio.

infinitivo    particípio regular  particípio irregular  
absorverabsorvido    absorto
aceitar    aceitado   aceito, aceite
acender     acendido  aceso
afligir afligido  aflito 
assentar  assentado assente 
benzerbenzido  bento   
 cativar   cativado cativo
cegarcegado  cego
 completar  completadocompleto
convencer convencidoconvicto
corrigircorrigidocorrecto
cultivarcultivadoculto
 descalçar descalçado descalço  
dirigir dirigido directo 
dissolver  dissolvido  dissoluto
distinguir     distinguidodistinto
eleger   elegido   eleito 
emergir  emergido    emerso  
entregar entregado  entregue 
envolver   envolvido envolto 
 enxugar enxugado enxuto
escurecer  escurecidoescuro
expressar expressadoexpresso
exprimir   exprimido expresso
expulsar   expulsado     expulso
extinguir extinguidoextinto    
frigir   frigido   frito   
 ganhar  ganhado   ganho  
 gastargastado gasto 
imergir  imergido             imerso
 imprimir     imprimido    impresso 
incorrer  incorrido     incurso
inquietar  inquietado    inquieto 
inserir  inserido   inserto 
isentar   isentado     isento 
 juntar   juntado   junto
  libertar  libertado  liberto 
limpar   limpado limpo
manifestar manifestado  manifesto
matar      matado  morto 
morrer  morridomorto  
nascer  nascido   nato, nado
ocultar     ocultado oculto
omitir   omitidoomisso  
pagar    pagado               pago
prender   prendidopreso
romper rompido   roto  
salvar  salvadosalvo 
secar  secado    seco 
soltar  soltado   solto
submergir submergidosubmerso
suspender suspendidosuspenso
 tingir         tingido  tinto    
vagar   vagado  vago
                                                  Tabela disponível aqui




Qual a diferença do tipo textual argumentativo para o dissertativo argumentativo?

Oi, turminha!

Sendo bem prática, ou seja, “trocando em miúdos”, é o seguinte:

Dissertar é desenvolver um assunto, opinar, discorrer sobre ele.  Os textos dissertativos fazem parte do grupo expositivo como relatórios, textos didáticos, artigos enciclopédicos, textos científicos etc. Portanto, o texto dissertativo ocupa-se da transmissão de conhecimento.

Os textos argumentativos são os dissertativos que se ocupam da persuasão, o tema importa pouco, o que conta, na verdade, é a maneira como esse tema será tratado. A dissertação argumentativa exige conhecer o assunto, refletir sobre ele, ter postura crítica diante dos fatos apresentados,  numa discussão que contribua para a vida em sociedade.

Percebeu?  Só há texto dissertativo- argumentativo quando o interlocutor é conduzido a refletir sobre os argumentos que o levarão a crer na retórica do locutor. Lembre-se de que esse tipo de texto requer uma estrutura tradicional - introdução, desenvolvimento e conclusão.  O título e a conclusão merecem uma atenção especial.

Dica: o título deve conter poucas palavras, deve ser uma síntese do assunto e sua elaboração deve ser deixada para o fim, quando o texto estiver totalmente pronto. Não pontue o título.


Um abraço!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Contra- turno , contraturno ou contra turno

A resposta correta é contraturno - juntinho. Segundo o novo Acordo Ortográfico, com o prefixo contra só haverá hífen  quando o elemento seguinte for iniciado por h ou vogal : contra-harmônico, contra-ordem etc.


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

RESULTADO UFPE

Saiu o resultado da UFPE, pode ser conferido através dos links:

http://listao.ufpe.br/index.php
http://covest.htl.com.br/

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Locuções com Crase

Oi, Turminha!


Algumas Locuções com Crase
Disponível em: http://www.revisoeserevisoes.pro.br/gramatica/locucoes-com-crase/
  • à altura (de)
  • à americana
  • à baiana
  • à baila
  • à bala
  • à base de
  • à beça
  • à beira (de)
  • à beira-mar
  • à beira-rio
  • à boca pequena
  • à brasileira
  • à bruta
  • à busca (de)
  • à cabeceira (de)
  • à caça de
  • à carga
  • à cata (de)
  • à chave
  • à conta (de)
  • à cunha
  • à custa (de)
  • à deriva
  • à direita
  • à disparada
  • à disposição
  • à distância de
  • à entrada (de)
  • à escolha (de)
  • à escovinha
  • à escuta
  • à espada
  • à espera (de)
  • à espreita (de)
  • à esquerda
  • à evidência
  • à exaustão
  • à exceção de
  • à faca
  • à falta de
  • à fantasia
  • à farta
  • à feição (de)
  • à flor da pele
  • à flor de
  • à fome
  • à força (de)
  • à francesa
  • à frente (de)
  • à fresca
  • à gaúcha
  • à grande
  • à guisa de
  • à imitação de
  • à inglesa
  • à italiana
  • à janela
  • à japonesa
  • à larga
  • à livre escolha
  • à [moda] Luís XV
  • à luz
  • à maneira de
  • à mão armada
  • à mão direita
  • à mão esquerda
  • à máquina
  • à margem (de)
  • à marinheira
  • à matroca
  • à medida que
  • à meia-noite
  • à mercê (de)
  • à mesa
  • à mesma hora
  • à mexicana
  • à milanesa
  • à mineira
  • à míngua (de)
  • à minha disposição
  • à minha espera
  • à minuta
  • à moda (de)
  • à moderna
  • à morte
  • à mostra
  • à navalha
  • à noite
  • à noitinha
  • à nossa disposição
  • à nossa espera
  • à ocidental
  • à ordem
  • à oriental
  • à paisana
  • à parte
  • à passarinho
  • à paulista
  • à ponta de espada
  • à porta
  • à portuguesa
  • à praia
  • à pressa
  • à prestação
  • à primeira vista
  • à procura (de)
  • à proporção que
  • à prova
  • à prova d'água
  • à prova de fogo
  • à pururuca
  • à que (= àquela que)
  • à queima-roupa
  • àquela hora
  • àquelas horas
  • àquele dia
  • àqueles dias
  • àqueloutros(s)
  • àqueloutra(s)
  • à raiz de
  • à razão (de)
  • à ré
  • à rédea curta
  • à retaguarda
  • à revelia (de)
  • à risca
  • à roda (de)
  • à saciedade
  • à saída
  • à saúde de
  • à semelhança de
  • à socapa
  • à solta
  • à sombra (de)
  • à sorrelfa
  • à sorte
  • à sós
  • à sua disposição
  • à sua escolha
  • à sua espera
  • à sua maneira
  • à sua moda
  • à sua saúde
  • à superfície (de)
  • à tarde
  • à tardinha
  • à testa (de)
  • à tinta
  • à toa
  • à-toa
  • à traição
  • à tripa forra
  • à última hora
  • à uma (hora)
  • à unha
  • à vaca-fria
  • à valentona
  • à venda
  • à Virgem
  • à vista (de)
  • à vista desarmada
  • à vista disso
  • à volta (de)
  • à vontade
  • à-vontade
  • à vossa disposição
  • à zero hora
  • às apalpadelas
  • às armas!
  • às ave-marias
  • às avessas
  • às bandeiras despregadas
  • às barbas de
  • às boas
  • às cambalhotas
  • às carradas
  • às catorze (horas)
  • às cegas
  • às centenas
  • às cinco (horas)
  • às claras
  • às costas
  • às dez (horas)
  • às dezenas
  • às direitas
  • às doze (horas)
  • às duas (horas)
  • às dúzias
  • às encobertas
  • às escâncaras
  • às escondidas
  • às esquerdas
  • às expensas de
  • às falas
  • às favas
  • às gargalhadas
  • às lágrimas
  • às léguas
  • às mancheias
  • às margens de
  • às marteladas
  • às mil maravilhas
  • às moscas
  • às nove (horas)
  • às nuvens
  • às oito (horas)
  • às onze (horas)
  • às ordens (de)
  • às portas de
  • às pressas
  • às quais
  • às que (= àquelas que)
  • às quartas-feiras
  • às quatro (horas)
  • às quintas-feiras
  • às quinze (horas)
  • às segundas-feiras
  • às seis (horas)
  • às sete (horas)
  • às sextas-feiras
  • às sete (horas)
  • às soltas
  • às suas ordens
  • às tantas
  • às terças-feiras
  • às tontas
  • às três (horas)
  • às turras
  • às últimas
  • às vésperas (de)
  • às vezes
  • às vinte horas
  • às vistas de
  • às voltas com
  • bater à porta
  • beber à saúde de
  • condenado à morte
  • dar à estampa
  • dar à luz
  • dar a mão à palmatória (= reconhecer o erro)
  • dar tratos à bola (= esforçar-se para fazer algo)
  • dar vazão à
  • descer à sepultura
  • de uma ponta à outra
  • exceção à regra
  • falar à razão
  • faltar à aula
  • graças às
  • ir à bancarrota
  • ir à forra
  • ir às compras
  • ir às do cabo
  • ir às nuvens
  • ir às urnas
  • jogar às feras
  • mandar às favas
  • mãos à obra
  • marcha à ré
  • nem tanto ao mar, nem tanto à terra
  • passar à frente
  • pôr à mostra
  • pôr à prova
  • pôr às mãos à cabeça
  • pôr fim à vida
  • quanto às
  • recorrer à polícia
  • reduzir à expressão mais simples
  • sair à rua
  • saltar à vista
  • tirar à sorte
  • uma à outra
  • umas às outras
  • voltar à carga
  • voltar à cena
  • voltar às boas

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A menina que roubava livros virou filme



No livro, a história é contada pela Morte que ficou muito impressionada com Liesel Meminger, depois de três encontros com a garota, dos quais ela conseguiu escapar. Tudo se passa entre 1939 e 1943.
Em meio à Segunda Guerra Mundial e ao nazismo, a mãe comunista de Liesel decide levá-la para ser criada por pais adotivos numa cidade na Alemanha. No trajeto, o irmão da menina morre e é o coveiro que enterra seu corpo que deixa cair o primeiro livro roubado por Liesel, mesmo sem saber ler.
É seu pai adotivo que a alfabetiza, mesmo numa época em que livros são queimados e ela passa a frequentar a escola e ainda ajuda a abrigar um judeu que escreve livros para ajudar a contar a sua parte da história.


Disponível em : http://www.meliuz.com.br/blog/trailer-filme-menina-que-roubava-livros/

Veja o trailer: 



Contos Plausíveis






O assalto


      A casa luxuosa no Leblon é guardada por um molosso de feia catadura, que dorme de olhos abertos, ou talvez nem durma, de tão vigilante. Por isso, a família vive tranquila, e nunca se teve notícia de assalto a residência tão bem protegida.

      Até a semana passada. Na noite de quinta-feira, um homem conseguiu abrir o pesado portão de ferro e penetrar no jardim. Ia fazer o mesmo com a porta da casa,  quando o cachorro, que muito de astúcia o deixara chegar até lá, para acender-lhe o clarão de esperança e depois arrancar-lhe toda ilusão, avançou contra ele, abocanhando - lhe a perna esquerda. O ladrão quis sacar do revólver, mas não teve tempo para isto.

       Caindo ao chão, sob as patas do inimigo, suplicou-lhe com os olhos que o deixasse viver, e com a boca prometeu que nunca mais tentaria assaltar aquela casa. Falou em voz baixa, para não despertar os moradores, temendo que se agravasse a situação.

     O animal pareceu compreender a súplica do ladrão, e deixou-o sair em estado deplorável. No jardim ficou um pedaço de calça. No dia seguinte, a empregada não entendeu bem por que uma voz, pelo telefone, disse que era da Saúde Pública e indagou  se o cão era vacinado. Nesse momento o cão estava junto da doméstica, e abanou o rabo afirmativamente.

ANDRADE, Carlos Drummond de. O assalto. In: _____. O sorvete e outras histórias. 4 ed. São Paulo: Ática, 1997. p. 9.

Qual é o plural de aparelho de ar-condicionado?


Oi, turminha!
Que calor! Vai comprar mais de um ar-condicionado e pintou a dúvida: qual é o plural de aparelho de ar-condicionado?


O plural de AR-CONDICIONADO é  “ares-condicionados” . Se você preferir, use  Condicionadores de ar.  

sábado, 18 de janeiro de 2014

Quando você VER ou VIR?


Geralmente escutamos as pessoas dizerem : _ Quando você ver Carlos , dê  um beijo nele por mim ! 
A frase não está correta, pois  o futuro do subjuntivo do verbo ver e vir.
A frase correta é : Quando você vir o Carlos, dê um beijo nele por mim!

Trabalhadora X trabalhadeira

Oi, Turminha !


                                                                    Tirei daqui

Uma amiga disse: _ A minha empregada é muito trabalhadeira! Será que ela falou corretamente?

Sim! 

Trabalhadora é qualquer mulher que trabalha.
Trabalhadeira é aquela mulher que além de ser uma trabalhadora, faz o trabalho com vontade, prazer!

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Um chá bem forte e três xícaras (Conto da obra Antes do baile verde), de Lygia Fagundes Telles

      




                                                       Tirei daqui



       A borboleta pousou primeiramente na haste de uma folha de roseira que vergou de leve. Em seguida, voou até a rosa e fincou as patas dianteiras na borda das pétalas. Juntou as asas que se coloram palpitantes. desenrolou a tromba . E inclinando o corpo para frente, num movimento de seta, afundou a tromba no âmago da flor. 
      
       Maria Camila chegou a estender a mão para prendê-la pelas asas. Não completou o gesto. Entrelaçou novamente as mãos no regaço e ficou olhando. Era uma borboleta amarela, com um fino riso negro debruando-lhe as asas.  

          _ Deve ser uma borboleta jovem - disse Maria Camila.

          _ Jovem? - repetiu a mulher debruçada na janela que dava para o jardim.
    
        _ Veja, as asas ainda estão intactas. E está sugando com tamanha força ... Haverá tanto suco assim?

            _ Essa rosa abriu ontem cedo, a senhora lembra? Ejá está murchando - disse a mulher prendendo com o alfinete do

               _ Maria camila voltou-se para janela. Estava sentada numa cadeira de vime, entre os dois canteiros do jardim.
No céu azul- claro, as nuvens iam tomando uma coloração rosada. Havia uma poeira de ouro em suspensão no ar. 

               _ Você ainda não pregou essa alça, Matilde?
            
               _ Não sei onde o botão foi parar.

               _ Pegue outro na minha caixa. Mas agora não! - pediu ela ao ver que a empregada já se dispunha a voltar para o interior da casa.  baixou o olhar até a roseira. _ A gente vai clareando à medida que envelhece, mas as rosas vermelhas vão escurecendo, veja, ela está quase preta.

             _ E essa borboleta ainda...

            _ Deixa - atalhou Maria Camila. uniu as mãos espalmadas no mesmo movimento com que a borboleta unira as asas. Suas mãos tremiam.  _ Há de ver que a rosa está feliz por ter sido escolhida. 

              _ Mas desse jeito ela vai morrer mais depressa. 

              _ É melhor deixar. 

          A empregada passou lentamente a ponta do avental no peitoril da janela. Acompanhou com um olhar uma andorinha que cruzou o jardim num voo raso e desapareceu atrás do muro. da casa vizinha. Suspirou.

               _ Acho que essa borboleta já esteve ontem por aqui, a senhora não viu?

             _ Maria Camila concordou co um leve movimento de cabeça. Examinou com espanto as mãos cheias de sardas. 

              _ É a mesma. 

              _ Acostumou - disse a mulher num tom indiferente.
Fixou o olhar vadio nos ombros estreitos da  patroa. _ A senhora não quer que traga o chá?

               _ Estou esperando a menina. 

              _ Mas a que hora ficou de aparecer?

              _ Às cinco - disse Maria Camila apertando os olhos. 
 Inclinou-se para o relógio-pulseira. E escondeu no regaço as mãos fechadas.  _ Às cinco em ponto.

            _ Foi emergindo do silêncio da tarde o zunido poderoso de uma abelha. O riso de uma criança explodiu tão próximo que pareceu brotar de dentro do canteiro. 

               _ Essa menina... _ E a empregada fez uma pausa para ajustar para ajustar melhor o pente nos cabelos grisalhos: _ Eu conheço ?

              _ Não, não conhece.

             _ Quantos anos ela tem?

             _ Uns dezoito.

             _ Mas então não é menina!

             Maria Camila fixou no céu o olhar perplexo. Voltou a examinar o relógio-pulseira. E cruzou os braços tentando dominar o tremor das mãos. 

              _ Desde ontem ela já rondava por aqui. Cismou com essa rosa., tinha que ser essa rosa.

              _ Trabalhei na casa de um padre que tinha um canteiro só de roseiras brancas. Como duravam aquelas rosas!
Por um breve instante Maria Camila fixou-se de novo na borboleta. Teve uma expressão de repugnância. 

                 _ Chega a ser obsceno...

                 _ Mas é sabido que as vermelhas têm mais perfumes - prosseguiu a empregada apoiando-se nos cotovelos.

            Duas crianças atravessaram a rua aos gritos. A borboleta recolheu precipitadamente a tromba e fugiu num voo atarantado. Uma pétala desprendeu-se da corola e foi pousar na relva.  Outra pétala desprendeu-se em seguida e desenhando um giro breve, caiu num tufo de violetas. Maria Camila estendeu as mãos até a corola da flor.  Não chegou a tocá-la. Recolheu as mãos e ficou olhando para as veias intumescidas com a mesma expressão que olhara para a rosa.

                _ Ela é conhecida do doutor?

                _ Quem ,Matilde?

                _ Essa moça que vem tomar chá...

               _  Trabalham juntos - disse maria Camila passando nervosamente a ponta do dedo sobre a rede de veias . _ Ela está fazendo um estágio no laboratório.

                _ Estágio?

                _ Sim, estágio. 

                _ A mulher ficou pensativa. Pôs-se a coçar o braço.

                _ E a senhora conhece ela?

                _ Já vi de longe.

                _ É bonita?

                _ Não sei, Matilde, não sei.

               _ Estágio - repetiu a empregada. - Então é essa que às vezes telefona pra ele.

               _ Alguém iniciou na vizinhança um exercício de piano. O exercício era elemntar e tocado sem vontade. 

                _ Deve ser- sussurrou Maria Camila apanhando a pétala que caíra na relva Levou-a aos lábios que estavam lívidos. - Deve ser.

                  _ Hoje cedo ela telefonou, não perguntei quem era porque o doutor não quer mais que a gente pergunte. Mas reconheci a voz, só podia ser ele. 

                     _ São muito amigos. Os velhos, os mais velhos gostam da companhia dos jovens - acrescentou a mulher dilacerando a pétala entre os dedos.  Fez um gesto brusco. - Esse menino era melhor no violino, não era?

                    A empregada fungou, impaciente.

                   _ Nem no violino! A gente ficava com dor de cabeça quando ele começava com aquela atormentação. Diz que a mãe cismou que ele tem que tocar alguma coisa...

                    _ Quem foi que disse?

                 _ A Anita, que trabalha lá. Diz que a mãe fica o dia inteiro atrás dele, dando castigo se ele não estuda. São estrangeiros.

              _Maria Camila olhou furtivamente o relógio. Abriu e fechou as mãos num movimento exasperado. Manteve-as fechada. 

               _ Ele tocava melhor violino. 

               A mulher  fez uma careta.  E ficou seguindo com um olhar gelado. Uma adolescente que passava na calçada. Franziu a cara como se enfrentasse o sol. 

                _ Como é que ela se chama? Essa do chá...

               O menino interrompeu o exercício. O Zunido da abelha voltou mais nítido, fechando o círculo em redor de um único ponto.  Maria Camila respirou com esforço.

                _ Acho que estou gripada.  

                _ Gripada? - E  a mulher apoiou o queixo nas mãos. _ a senhora está com os olhos inchados. Quer que eu vá buscar uma aspirina?

                   _ Não, não é preciso - disse Maria Camila movendo a cabeça num ritmo fatigado. Encarou a empregada: _ Não vai mesmo pregar esse botão? Não vai?

                     _ Mas se não sei dele...

                     _ Pegue um na minha caixa, já disse.

                     A mulher empertigou-se com solenidade. Passou ainda a ponta do avental na janela, a fisionomia concentrada. chegou a abrir a boca. E enveredou para o interiro da casa. 

                 Maria Camila relaxou a posição tensa. olhou o relógio, sacudiu a cabeça e fechou com força os olhos cheios de lágrimas.  " Que é que eu faço agora?", murmurou inclinando-se para a rosa. "Eu gostaria que você me dissesse o que é que eu devo fazer! ..." Apoiou a nuca no espaldar da cadeira. "Augusto, Augusto, me diga depressa o que é que eu faço! Me diga! ...

                 A janela abriu-se. A empregada estendeu o braço num gesto digno. A voz saiu sombria.

                 _ Não achei botão igual. Posso pegar este amarelo?

                 Maria camila tirou do bolso do casaco o estojo de pó. 

                 Examinou-se ao espelho. Consertou as sobrancelhas. Umedeceu com a ponta da língua os lábios ressequidos e fechou o estojo. Ficou com ele apertado entre as mãos. Voltou-se para a janela.

                  _ Pregue esse mesmo.

                  A mulher vacilava, rodando o botão entre os dedos. 

                  _ É o mais parecido que achei.

                  _ Está bem, esta bem - repetiu a outra reabrindo o estojo. passou a esponja em torno dos olhos. Examinando as mãos. - Veja, Matilde, minhas mãos estão ficando da cor da tarde, tudo nesta hora vai ficando rosado... 

                   _ O céu parece brasa, que bonito!

                   A gente vai ficando rosada também - disse atirando a cabeça para trás. Expôs a face à luz incendiada do crepúsculo. E riu de repente: _ Acho a vida tão maravilhosa!

                    _ Maravilhosa?

                     O menino parou de tocar. maria Camila ficou alerta, os olhos brilhantes, as narinas acesas. Olhou para o relógio. Falou com energia  

                    _ Assim que a moça chegar, sirva o chá aqui mesmo, faça um chá bem forte. E traga três xícaras.

                     _ Mas é só a senhora e ela...

                     _ O doutor pode aparecer de surpresa, é quase certo que ele apareça - acrescentou a mulher limpando do vestido os pedaços da pétala dilacerada que ficara por entre as pregas da saia. Levantou-se. respirava ofegante. _ quero os guardanapos novos, não vá esquecer, hein? Os novos.

                      _ Passos ressoaram na calçada. quando ficaram mais próximos, a empregada pôs-se na ponta do pés, tentando ver além do muro da casa vizinha:

                       _ Deve ser ela... É ela! - sussurrou excitadamente. - É ela!

                       Maria Camila levantou a cabeça. E caminhou decidida em direção ao portão.

Lygia Fagundes Telles